REVOLUÇÂO MARAGATA
1)
Idéias
Republicanas
Os
militares que regressaram do Paraguai, vieram envolvidos pelas idéias
Republicanas exportadas pelos Estados Unidos e vivenciadas por quase todas as
Republicas Sul Americanas , com diferentes doses de Autoritarismos. O Brasil
era a única nação com regime Imperial.
Em
1874 – quatro anos após o término da Guerra, alguns grupos em Porto Alegre, já
se reuniam debatendo idéias republicanas como conseqüência da debilidade política do Império assolado pela questão
Cristie, pela questão religiosa (contra os Bispos) e pela questão Abolicionista.
Em
1881 foi fundado em São Borja o Clube Republicano, tendo como vice presidente Aparicio
Mariense da Silva, vereador, que propôs uma Moção Plebiscitária , aprovada, que
propunha dirigir-se a Assembléia do Estado e a Câmara dos Deputados no Rio de
Janeiro, propondo um Plebiscito, de âmbito nacional e alertando sobre o perigo ,com
a inevitável morte de Dom Pedro II, e a instalação do Terceiro Império com a princesa Isabel,educada por
religiosos e casada com um príncipe Francês (conde D’Eu). Tal proposta se
espalhou por todo o Brasil, tendo como consequência uma reação do governo e ordem de prisão aos signatários. Aparicio Mariense foi obrigado a exilar-se na
ARGENTINA.
Após
várias questões vividas pela política do Império, surgiu a questão Militar,
onde o partido dominante exigia o emprego do Exército nas atividades de “Capitão
do Mato”, na procura e captura de escravos fugitivos.
Tal
política, revoltou os militares, além de punições imposta a oficiais no Rio
Grande do Sul, então sob o comando do Marechal Deodoro da Fonseca que não
concordou e foi exonerado.
2)
Proclamação
da República e Queda do Império
Com a exoneração,
Deodoro voltou para o Rio de Janeiro, onde foi eleito presidente do Clube
Militar. Continuou o desentendimento com o Partido no poder, após vários
incidentes, Deodoro foi preso o que somado à crise existente, levou à
Proclamação da República, à destituição do Imperador e ao Exílio da família Real.
3)
Política
no Rio Grande do Sul
Na
época a política no RS era dirigida pelo partido Liberal, chefiado por Gaspar
Silveira Martins que, conforme os opositores “mandavam e faziam chover”, e que
como ministro da Fazenda do Império, havia isentado o comércio entre a República Oriental do
Uruguai e o Brasil, de quaisquer taxas. Após a proclamação da República apoiado
por Deodoro, assumiu o governo do RS Julio de Castilhos, advogado, natural de Cruz
Alta e formado em São Paulo, mas com pequeno apoio político. Era Positivista
(doutrina professada por Augusto Conte). Pregava a tese de que a Sociedade
precisava ser dirigida pelas mesmas leis
e métodos da Matemática e Biologia. Defendia a ditadura científica, na qual o
poder devia decorrer do Saber e não do Voto. Inspirado no Positivismo,
Castilhos advogava a instalação de um governo Forte, com pouca atuação dos
deputados, que se reuniam somente dois meses no ano. Era o Autoritarismo, e
assim governou perseguindo os adversários liberais e unindo os brasileiros e
uruguaios prejudicados pela crise econômica. Um de seus primeiros atos foi a
revogação da isenção de não cobrança de taxas no comércio de fronteira.
4)
Saída
de Deodoro da Presidência
Com
o pedido de demissão de Deodoro, houve a queda de Julio de Castilhos que em
face de perseguição política teve de exilar-se na Argentina em Monte Caseros,
juntamente com vários republicanos, inclusive o Ten Cel Manoel Vargas. Algum
tempo depois assume a presidência da República o Marechal Floriano Peixoto, que
reiniciou o apoio aos exilados e incentivou o retorno.
5)
Volta
dos republicanos e organização das forças
Com
a volta dos exilados por São Borja, Manoel Vargas iniciou a organização da 5ª
Brigada com concentração na cabeceira do Butui, na estrada que vai para
Santiago. Seu cunhado Aparicio Mariense da Silva, forte fazendeiro, compro u uma Bateria de Canhões La Hitte, possivelmente
utilizados na Guerra do Paraguai. Com este material organizou a Artilharia da
Coluna. Simultaneamente foi organizada a 5ª Brigada em São Luiz e Santo Ângelo
sob o comando do irmão do senador Pinheiro Machado. Estas duas Brigadas
constituíram a Divisão do Norte sob o comando do veterano da Guerra do Paraguai
Brigadeiro Francisco Rodrigues de Lima.
6)
Nome
dos contendores
Os
republicanos, por usarem no chapéu uma parte vermelha como uma crista eram
chamados de Pica Pau e usavam obrigatoriamente lenços Brancos
Os
Liberais, por terem recebido um reforço uruguaio, proveniente de um vila onde
predominavam imigrantes espanhóis de uma região da Espanha chamada Maragatéia,
passaram a ser alcunhados de Maragatos e
usavam lenços vermelhos.
7)
Combate
de INHANDUI, Alegrete
Com
o inicio das operações, aos revoltosos Liberais, juntou-se um contingente
elevado de uruguaios chefiados por Gumercindo Saraiva. A Divisão do Norte
deslocou-se para Alegrete, e nas margens do Ibirapuitã, travou-se o combate,
onde os republicanos, embora com inferioridade numérica, derrotaram os Maragatos
que se espalharam por todo o Rio Grande. Segundo CARLOS REBERVEL, a revolução
teve a duração de 31 meses e fez nada menos que dez mil vítimas. Dessas mais de
1000 morreram por Degolamento de 700 gargantas seccionadas em Bagé região de
Rio Preto, por Adão Latorre, inicialmente , sozinho onde uma fração das tropas ,republicanas,
rendeu-se para salvar vidas.O segundo fato ocorreu em Palmeiras, na região
de Boi Preto (a 5 de Abril de 1894),
quando 400 federalistas caíram prisioneiros
e foram mortos por degola. Nesta época o
governo do estado criou a Brigada Militar .
8)-
Prosseguimento da ação em Santa Catarina e Paraná
Aos
Maragatos após o combate de Inhandui, seguiram para o Norte , sempre
perseguidos pelos Pica Pau. Houve vários encontros no vale do Rio do Peixe
(onde mais tarde foi construída a ferrovia São Paulo/Rio Grande). Ficou célebre
o cerco da Lapa, quando republicanos padeceram com a falta de alimentos.
9) Fim
da campanha
Os
revoltosos retornaram ao Rio Grande, e próximo a Cruz Alta, um grupo foi
degolado pelos Republicanos. A fase final ocorreu no combate de CAROVI, perto
de Santiago, com a presença de dois batalhões da Brigada Militar, armados com
fuzis de repetição, recém importados da Austria. Os Maragatos estavam entrincheirados
por trás de uma cerca de pedra, e seu comandante montado em um cavalo tordilho
e com um pala branco, se deslocava ao longo da coluna. Um comandante brigadiano reconheceu
Gumercindo e determinou que toda a tropa apontasse para o chefe só atirasse a
comando. Foi o que aconteceu, Gumercindo foi abatido. A tropa rebelde com a
morte do chefe se dispersou, indo parte para a Argentina e parte para o
Uruguai. Mais tarde o corpo de chefe foi encontrado, e o comando republicano
mandou cortar a cabeça do chefe Maragato e a enviou para JULIO DE Castlhos em
um caixa de sapatos
Bibliografia:
JUREMIR
MACHADO DA SILVA - Correio do Povo
LUIZ
CLAUDIO KNIERIM – Revolução Federalista de 1893
CARLOS
REVERBEL – Maragatos e Pica-paus