quinta-feira, 24 de janeiro de 2013


HISTÓRIAS  E CAUSOS
1)    Meu bisavô, quando estava para casar, conversando com seu futuro sogro, ele lhe disse que deveria comprar um escravo, pois sua noiva possuía uma escrava, e necessitava de um macho para “cruzar”
Ele respondeu que era Veterano da guerra do Paraguay, e que lá os brasileiros eram muito criticados por ainda vigorar a escravidão. Que ele nunca compraria um escravo.
A conversa ficou por aí; até o casamento, quando o sogro  deu-lhe de presente um escravo de “papel passado”, como se desse um cavalo. Ele chamava-se AMARO. Como foi com documento escrito, aceitou a doação. Porem Amaro nunca foi escravo, sempre seu empregado; inicialmente como peão e mais tarde como capataz. Eu o conheci com mais de 90 anos. Era pai do capataz do meu avô- Gideão e tinha outros filhos e netos.
Uma vez cheguei na fazenda , em férias, e fui visitar o “tio” Amaro. Encontrei fazendo “palitos” com madeira dura, uma faca afiada e depois colocando-os em uma caixa. Perguntei que mais fazia. Informou que de manhã e de tarde “tropiava” os pintos da Comadre, que era minha avó.
2)    Quando a Princesa Isabel assinou a Libertação dos escravos, na mesma lei, determinou que os proprietários, deveriam fazer o registros dos escravos em Cartório, dando também um sobrenome. Contou meu bisavô que disse ao Amaro, que a partir de agora seu sobrenome era Nascimento –sobrenome de sua Mãe Luzia, pois Vargas era para seus filhos.
3)    Uma vez, na fazenda, soube que “tio” Amaro desempenhava as funções de Estafeta. Ia para São Borja nos dias de chegada do trem, a cavalo. Pernoitava e no dia seguinte trazia a correspondência (cartas e o Correio do Povo). Por ser muito idoso, dormia no cavalo, que ao chegar nas porteiras ou cancelas, como o cavalo não podia abri-las, retornava a fazenda com o estafeta dormindo.
4)    Assisti uma vez o avô acertar o relógio ao pôr do Sol. Na época em São Borja não existia estação de rádio, para ouvir alguma coisa, era necessário sintonizar as rádios de Buenos Aires. Assim sendo ele mandou vir do Rio de Janeiro um almanaque que continha a hora certa do nascer e pôr do Sol em todo o Brasil, por regiões e por época do ano. Ao chegar encontrei o bisavô com o almanaque em cima de uma mesa e o relógio de ouro na mão. Nos fundos da casa havia uma árvore bem alta e copada. Estava junto um negrinho, e ouvi: sobe rápido e me avisa a hora em que o sol se esconder na Argentina. E assim foi feito. Num determinado momento o negrinho gritou “Entrou, entrou seu Vargas” e ele acertou o relógio.
5)    Irmãos do Gen Vargas. Ele era décimo filho de uma “ninhada”de dezessete irmãos.Como ele era uma pessoa de destaque, a irmandade seguidamente, vinha fazer longas visitas. Às vezes ele estava lendo o jornal e dormia. Vó Candoca chamava atenção e ele acordava. Certa vez vieram duas irmãs do interior. Após esgotar todos os assuntos, Vó Candoca perguntou “Se na sua região ainda comiam muito cuscuz (prato feito com milho), ao que responderam, meio ofendidas, “nóis comemo com as bocas”, e não falaram mais nada.
6)     Em outra ocasião, veio um compadre que era bastante surdo e que ficara para o jantar, quando foi servida uma sopa. D Cândida, em certo momento indagou “Compadre, como está à comadre?” O convidado preocupado com a sopa, respondeu “Está boa, mas quente como o diabo”
7)    Libertação dos escravos. Contou-me meu bisavô, que quando a Princesa Isabel, assinou a Lei Aurea, libertando os escravos, determinou que cada proprietário de escravos, desse aos mesmos um sobrenome e os registrasse em cartórios. Como ele tinha o Amaro que era seu capataz, chamou-o e disse que não daria o sobrenome de Vargas, porque este era de seus filhos, mas daria o de Nascimento, que era o sobrenome de sua mãe. Luzia Nascimento Vargas Em São Borja a família Nascimento é bem numerosa. 

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