HISTÓRIAS E CAUSOS
1)
Meu
bisavô, quando estava para casar, conversando com seu futuro sogro, ele lhe
disse que deveria comprar um escravo, pois sua noiva possuía uma escrava, e
necessitava de um macho para “cruzar”
Ele respondeu que era Veterano da
guerra do Paraguay, e que lá os brasileiros eram muito criticados por ainda
vigorar a escravidão. Que ele nunca compraria um escravo.
A conversa ficou por aí; até o
casamento, quando o sogro deu-lhe de
presente um escravo de “papel passado”, como se desse um cavalo. Ele chamava-se
AMARO. Como foi com documento escrito, aceitou a doação. Porem Amaro nunca foi
escravo, sempre seu empregado; inicialmente como peão e mais tarde como
capataz. Eu o conheci com mais de 90 anos. Era pai do capataz do meu avô-
Gideão e tinha outros filhos e netos.
Uma vez cheguei na fazenda , em
férias, e fui visitar o “tio” Amaro. Encontrei fazendo “palitos” com madeira
dura, uma faca afiada e depois colocando-os em uma caixa. Perguntei que mais
fazia. Informou que de manhã e de tarde “tropiava” os pintos da Comadre, que
era minha avó.
2)
Quando
a Princesa Isabel assinou a Libertação dos escravos, na mesma lei, determinou
que os proprietários, deveriam fazer o registros dos escravos em Cartório, dando
também um sobrenome. Contou meu bisavô que disse ao Amaro, que a partir de
agora seu sobrenome era Nascimento –sobrenome de sua Mãe Luzia, pois Vargas era
para seus filhos.
3)
Uma
vez, na fazenda, soube que “tio” Amaro desempenhava as funções de Estafeta. Ia
para São Borja nos dias de chegada do trem, a cavalo. Pernoitava e no dia
seguinte trazia a correspondência (cartas e o Correio do Povo). Por ser muito
idoso, dormia no cavalo, que ao chegar nas porteiras ou cancelas, como o cavalo
não podia abri-las, retornava a fazenda com o estafeta dormindo.
4)
Assisti
uma vez o avô acertar o relógio ao pôr do Sol. Na época em São Borja não
existia estação de rádio, para ouvir alguma coisa, era necessário sintonizar as
rádios de Buenos Aires. Assim sendo ele mandou vir do Rio de Janeiro um almanaque
que continha a hora certa do nascer e pôr do Sol em todo o Brasil, por regiões
e por época do ano. Ao chegar encontrei o bisavô com o almanaque em cima de uma
mesa e o relógio de ouro na mão. Nos fundos da casa havia uma árvore bem alta e
copada. Estava junto um negrinho, e ouvi: sobe rápido e me avisa a hora em que
o sol se esconder na Argentina. E assim foi feito. Num determinado momento o
negrinho gritou “Entrou, entrou seu Vargas” e ele acertou o relógio.
5)
Irmãos
do Gen Vargas. Ele era décimo filho de uma “ninhada”de dezessete irmãos.Como
ele era uma pessoa de destaque, a irmandade seguidamente, vinha fazer longas
visitas. Às vezes ele estava lendo o jornal e dormia. Vó Candoca chamava
atenção e ele acordava. Certa vez vieram duas irmãs do interior. Após esgotar
todos os assuntos, Vó Candoca perguntou “Se na sua região ainda comiam muito
cuscuz (prato feito com milho), ao que responderam, meio ofendidas, “nóis
comemo com as bocas”, e não falaram mais nada.
6)
Em outra ocasião, veio um compadre que era
bastante surdo e que ficara para o jantar, quando foi servida uma sopa. D
Cândida, em certo momento indagou “Compadre, como está à comadre?” O convidado preocupado
com a sopa, respondeu “Está boa, mas quente como o diabo”
7)
Libertação
dos escravos. Contou-me meu bisavô, que quando a Princesa Isabel, assinou a Lei
Aurea, libertando os escravos, determinou que cada proprietário de escravos,
desse aos mesmos um sobrenome e os registrasse em cartórios. Como ele tinha o
Amaro que era seu capataz, chamou-o e disse que não daria o sobrenome de
Vargas, porque este era de seus filhos, mas daria o de Nascimento, que era o
sobrenome de sua mãe. Luzia Nascimento Vargas Em São Borja a família Nascimento
é bem numerosa.
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