sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Fernando Vargas Souto - Artilharia turma de 1950

            Fernando Vargas Souto
Artilharia turma de 1950
a)    Chegada a Santiago – RS
Após um estagio de 24 dias no REsArt- Vila Militar, entramos em transito com destino a Santiago, passando alguns dias em Porto Alegre, na casa de meus pais, em função dos prazos previstos em lei, eu e mais dois aspirante de Cav. chegamos a Estação Ferroviária de  Santiago, cerca de meio dia de um sábado.
Estava para nos receber um major sub cmt do 4º RC (atual 9º Blog). Nós chegamos em uniforme de passeio, com mala e espada. Nos apresentamos ao major (em uniforme de instrução), que nos conduziu em Jeep sem capota, dirigido por ele. Recebeu-nos com muita amabilidade, nos levou ao refeitório dos oficiais, onde almoçamos. Informou-nos que cerca de 14h30min nos levaria na “republica” dos oficiais solteiros. E assim foi feito.
Na hora marcada entramos no Jeep, passamos pelo centro da cidade e fomos conduzidos a um bairro mais afastado com ruas sem calçamento. Em certo momento o Maj. parou o jeep em frente uma casa e chamou: “D. Fulana!”, apareceu uma senhora e ele disse: “estou aqui apresentando os novos aspirantes, seus futuros clientes”.
Nós fardados de mala e espada em punho, esboçamos uma “boa tarde” meio sem graça. Seguimos para mais duas “casas” onde foi repetida a apresentação (eram cabares).
Finalmente nos levou para a “república” dos oficiais solteiros. E foi assim a nossa apresentação em Santiago RS- Fevereiro de 1951.

b)    2º GACav 75- falta de oficiais
A OM, na época só possuía quatro oficiais combatentes.
Um Maj. no comando e três tenentes de turmas anteriores nas funções de sub cmt, S1, S2, S3 e S4. Ao chegarmos, embora com inicio de Estagio, eu e meu colega Roberto Mello (mais tarde engenheiro de armamento pelo IME), fomos contemplados com as demais funções, tais como: oficial de topografia (adj do S2), oficial de transmissões, CLF das duas Bias de Can, diretor da Escola Regimental, Oficial de Educação Física comandantes das três baterias. Logo houve a incorporação e a primeira instrução, com os recrutas ainda em trajes civis, e ministrada por um cabo em cada bateria, foi a utilização correta do WC e chuveiros com demonstração ao vivo. Pois a maioria dos recrutas era oriunda de campanha ou colônia e não conhecia WC ou chuveiros.

c)     Tiro de Artilharia
O Mello e eu, nas andanças pelas funções, constatamos que o grupo não realizava o tiro com os canhões há quatro anos, embora com sobra de munição. Lembro que cada peça possuía um livro para registro dos tiros, com data e carga utilizada e observações.
Falamos com o comandante e nos comprometemos a atuar em todos os setores para realizar o tiro na época prevista.
Iniciamos os trabalhos, primeiro pela topografia, manutenção dos GB e Teodolito, além das trenas e balizas (não havia ainda GPS); passamos depois para material de telefonia, todo ainda original
 KRUPP. Fomos depois para material de Art. regulando cada peça. Resolvemos que a CTir ficaria, inicialmente, no PO, pois como éramos apenas dois, um estava como CLF e outro na CTir e PO.
A partir dai toda a quinta feira, seguia uma Bia de Can, reforçada em pessoal pela outra Bia. Fizemos a primeira Escola de Fogo na Invernada REIÚNA a mais ou menos 18 km do quartel. A partir daí, toda a quinta-feira seguia uma Bia. O sucesso foi grande, pois até os oficiais do QG (1º DC), resolveram participar e assistir ao tiro.
É provável que tenhamos cometido alguns erros por falta de experiência, mas nos realizamos pelo sucesso da missão cumprida.

d)    A Grande Seca- 1952
Santiago ainda não possuía Hidráulica. Cada residência tinha um poço cavado no pateo. O quartel tinha um poço profundo e a água era retirada pela compressão utilizando um motor diesel. A OM possuía seis pipas tracionadas por muares, que em tempo difíceis, supriam as casas de oficiais e sargentos.
Em março de 1952, começou a diminuir a vazão do poço que tinha que atender ao pessoal e cerca de 580 cavalares e Muares. O novo comandante do quartel, resolveu levar os animais para onde existisse água. Conseguiu uma fazenda a 40 km do quartel na estrada Santiago/ São Luiz (4º Lageado – Pilão D’água).
Recebi a missão de levar por terra a cavalhada e uma equipe de mais ou menos vinte elementos (sargentos, cabos e soldados). O quartel só possuía um caminhão, tipo comercial, para conduzir diariamente o milho, alfafa e gêneros para o pessoal. Levamos também cochos de madeira para o milho. Adotamos o mesmo sistema do quartel, usando clarim para o pessoal e forragem, que era obedecido por todos (inclusive animais).
A missão durou 12 dias até que viesse a chuva e diminuísse a canícula.

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