Artilharia
turma de 1950
a) Chegada a Santiago – RS
Após
um estagio de 24 dias no REsArt- Vila Militar, entramos em transito com destino
a Santiago, passando alguns dias em Porto Alegre, na casa de meus pais, em
função dos prazos previstos em lei, eu e mais dois aspirante de Cav. chegamos a
Estação Ferroviária de Santiago, cerca
de meio dia de um sábado.
Estava
para nos receber um major sub cmt do 4º RC (atual 9º Blog). Nós chegamos em
uniforme de passeio, com mala e espada. Nos apresentamos ao major (em uniforme
de instrução), que nos conduziu em Jeep sem capota, dirigido por ele. Recebeu-nos
com muita amabilidade, nos levou ao refeitório dos oficiais, onde almoçamos.
Informou-nos que cerca de 14h30min nos levaria na “republica” dos oficiais
solteiros. E assim foi feito.
Na
hora marcada entramos no Jeep, passamos pelo centro da cidade e fomos
conduzidos a um bairro mais afastado com ruas sem calçamento. Em certo momento
o Maj. parou o jeep em frente uma casa e chamou: “D. Fulana!”, apareceu uma
senhora e ele disse: “estou aqui apresentando os novos aspirantes, seus futuros
clientes”.
Nós
fardados de mala e espada em punho, esboçamos uma “boa tarde” meio sem graça.
Seguimos para mais duas “casas” onde foi repetida a apresentação (eram
cabares).
Finalmente
nos levou para a “república” dos oficiais solteiros. E foi assim a nossa
apresentação em Santiago RS- Fevereiro de 1951.
b) 2º GACav 75- falta de oficiais
A
OM, na época só possuía quatro oficiais combatentes.
Um
Maj. no comando e três tenentes de turmas anteriores nas funções de sub cmt,
S1, S2, S3 e S4. Ao chegarmos, embora com inicio de Estagio, eu e meu colega
Roberto Mello (mais tarde engenheiro de armamento pelo IME), fomos contemplados
com as demais funções, tais como: oficial de topografia (adj do S2), oficial de
transmissões, CLF das duas Bias de Can, diretor da Escola Regimental, Oficial
de Educação Física comandantes das três baterias. Logo houve a incorporação e a
primeira instrução, com os recrutas ainda em trajes civis, e ministrada por um
cabo em cada bateria, foi a utilização correta do WC e chuveiros com
demonstração ao vivo. Pois a maioria dos recrutas era oriunda de campanha ou
colônia e não conhecia WC ou chuveiros.
c) Tiro de Artilharia
O
Mello e eu, nas andanças pelas funções, constatamos que o grupo não realizava o
tiro com os canhões há quatro anos, embora com sobra de munição. Lembro que
cada peça possuía um livro para registro dos tiros, com data e carga utilizada
e observações.
Falamos
com o comandante e nos comprometemos a atuar em todos os setores para realizar
o tiro na época prevista.
Iniciamos
os trabalhos, primeiro pela topografia, manutenção dos GB e Teodolito, além das
trenas e balizas (não havia ainda GPS); passamos depois para material de
telefonia, todo ainda original
KRUPP. Fomos depois para material de Art.
regulando cada peça. Resolvemos que a CTir ficaria, inicialmente, no PO, pois
como éramos apenas dois, um estava como CLF e outro na CTir e PO.
A
partir dai toda a quinta feira, seguia uma Bia de Can, reforçada em pessoal
pela outra Bia. Fizemos a primeira Escola de Fogo na Invernada REIÚNA a mais ou
menos 18 km do quartel. A partir daí, toda a quinta-feira seguia uma Bia. O
sucesso foi grande, pois até os oficiais do QG (1º DC), resolveram participar e
assistir ao tiro.
É
provável que tenhamos cometido alguns erros por falta de experiência, mas nos
realizamos pelo sucesso da missão cumprida.
d) A Grande Seca- 1952
Santiago
ainda não possuía Hidráulica. Cada residência tinha um poço cavado no pateo. O
quartel tinha um poço profundo e a água era retirada pela compressão utilizando
um motor diesel. A OM possuía seis pipas tracionadas por muares, que em tempo
difíceis, supriam as casas de oficiais e sargentos.
Em
março de 1952, começou a diminuir a vazão do poço que tinha que atender ao
pessoal e cerca de 580 cavalares e Muares. O novo comandante do quartel,
resolveu levar os animais para onde existisse água. Conseguiu uma fazenda a 40
km do quartel na estrada Santiago/ São Luiz (4º Lageado – Pilão D’água).
Recebi
a missão de levar por terra a cavalhada e uma equipe de mais ou menos vinte elementos
(sargentos, cabos e soldados). O quartel só possuía um caminhão, tipo
comercial, para conduzir diariamente o milho, alfafa e gêneros para o pessoal.
Levamos também cochos de madeira para o milho. Adotamos o mesmo sistema do
quartel, usando clarim para o pessoal e forragem, que era obedecido por todos
(inclusive animais).
A
missão durou 12 dias até que viesse a chuva e diminuísse a canícula.
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